Apontamentos:
ORLANDI, Eni P. Texto e discurso. In : Organon 23 : O texto em perspectiva. Indursky, F; Castro, M. D. l. (Orgs.). Porto Alegre : UFRGS.
Heterogeneidade do discurso
P. 116 São vários os procedimentos de análise — como relação de paráfrases, observação dos diferentes enunciados de ocorrência, relação com diferentes discursos, etc. —, mas qualquer que seja o procedimento, o ponto de partida é sempre o mesmo na relação entre unidade e dispersão: o postulado de que o sentido sempre pode ser outro e o sujeito (com suas intenções e objetivos) não tem o controle daquilo que está dizendo. Isto nos leva a duas ordens de conclusões também muito importantes: 1. Um sujeito não produz só um discurso 2. Um discurso não é igual a um texto. Daí que a relação proposta na AD é: a. Remeter o texto ao discurso b. Esclarecer as relações deste com as FD, pensando as relações destas com a ideologia.
Historicidade
p. 133 - A AD é um marco na história das idéias lingüísticas em uma mudança que toca essa distinção entre história e historicidade que estamos propondo para a reflexão.
Historicidade do texto
p.113 - trata-se de compreender como a matéria textual produz sentidos.
Produção de sentidos
p. 114 Eis outra via possível de se pensar a historicidade na perspectiva em que a estamos colocando: história do sujeito e do sentido. Inseparáveis: ao produzir sentido, o sujeito se produz, ou melhor, o sujeito se produz, produzindo sentido. É esta a dimensão histórica do sujeito — seu acontecimento simbólico — já que não há sentido possível sem história, pois é a história que provê a linguagem de sentido, ou melhor, de sentidos2 . Daí o equívoco como condição do significar, sendo o mais importante deles o que cria a ilusão referencial, a da literalidade. Não se pode falar em anterioridade de sentido, seja na estrutura, seja no acontecimento. O sentido se dá no encontro dos dois, na sua relação. Daí uma das muitas maneiras de se entender a afirmação de Canguilhen (1980) de que o sentido é relação a.
Temporalidade
p. 113 Com a AD — e isto que estamos chamando historicidade — a relação passa a ser entendida como constitutiva. Desse modo, se se pode pensar uma temporalidade, essa é uma temporalidade interna, ou melhor, uma relação com a exterioridade tal como ela se inscreve no próprio texto e não como algo lá fora, refletido nele. Não se parte da história para o texto —avatar da análise de conteúdo — se parte do texto enquanto materialidade histórica. A temporalidade (na relação sujeito/sentido) é a temporalidade do texto.
Texto
p. 77 - “[...] não interpreta o texto; através de um dispositivo analítico, ele explicita (torna visíveis) os gestos de interpretação que textualizam a discursividade e ele interpreta os resultados dessa análise, no interior de um dispositivo teórico."
p. 111 – “[…]o texto é uma peça de linguagem, uma peça que representa uma unidade signiifcativa.”.
Texto
p. 111- é uma peça (...) unidade significativa./p. 112 - É um objeto linguístico- histórico (...) de discurso francesa.
p. 112 É assim que, na compreensão do que é texto, podemos entender a relação com o interdiscurso, a relação com os sentidos (os mesmos e os outros). Mas posso chegar mais perto daquilo que é minha proposta na análise da linguagem: o texto é um objeto histórico. Histórico aí não tem o sentido de ser o texto um documento, mas discurso. Assim, melhor seria dizer: o texto é um objeto lingüístico-histórico. É a partir dessa definição que tenho procurado entender o que é o texto para a análise de discurso francesa
p. 112 -Visto da perspectiva do discurso (... o interdiscurso: a memória do dizer./p. 117 - É o objeto de interpretação. (...) pode ser lido.
p. 112-113 – “[…]o texto, visto na perspectiva do discurso, não é uma unidade fechada – embora, como unidade de análise, ele possa ser considerado uma unidade inteira – pois ele tem uma relação com outros textos (existentes, possíveis ou imaginários), com suas condições de produção (os sujeitos e a situação), com o que chamamos sua exterioridade constitutiva (o interdiscurso: a memória de dizer).”.
texto, textualidade, discursividade
p. 117 – Como toda peça de linguagem, como todo objeto simbólico, o texto é objeto de interpretação. Para a AD, esta sua qualidade é crucial. É sua tarefa compreender como ele produz sentido e isto implica compreender tanto como os sentidos estão nele quanto ele pode ser lido. Esta dimensão, eu diria ambígua da historicidade do texto, mostra que o analista não toma o texto como o ponto de partida absoluto (dada a relação de sentidos), nem como ponto de chegada.
Quando se trata de discurso, não temos origem e não temos unidade definitiva. Um texto é uma peça de linguagem de um processo discursivo muito mais abrangente.
p. 115 – Como o texto é o fato de linguagem por excelência, os estudos que não tratam da textualidade (discursividade) não alcançam a relação com a memória da língua.
Textualidade
p. 111 – “[…]a textualidade é função da relação do texto consigo mesmo e com a exterioridade.”.